quinta-feira, 19 de junho de 2014

O trabalho :)

Sempre que fico inspirada para escrever para o blog está sem internet – mas talvez esse seja o motivo... A internet aqui de casa não funciona direito, acho que é um problema com os cabos.
Faz muito tempo que não atualizo, estou trabalhando e gostando bastante!
Trabalho em um restaurante no aeroporto – dentro do portão de embarque, por isso tanta papelada precisava ser preenchida. O meu cargo é Food & Beverage Associate, que significa que cuido das comidas e bebidas, hehe. Começo trabalhando como Floor Staff – é isso que tenho feito até então, mas quero fazer outras coisas (café principalmente!). Limpo mesas, muitas mesas. Tenho um carrinho e fico recolhendo as bandejas e as louças deixadas pelos clientes. Trabalho 8h, mas com um intervalo de 45min – ou seja, trabalho 7h15.
Temos alguns turnos, mas principalmente dois: manhã e noite. O primeiro começa às 4h30, 5h (quando o restaurante abre) e vai até depois do meio dia, e outro começa quando esse para e vai até, no máximo, às 9h (quando o restaurante fecha).
Eu adoro aeroportos, e estou gostando bastante do trabalho – por mais cansativo que seja. Moro bem longe, fico muito tempo no ônibus, mas isso não me faz gostar menos do trabalho. Eu sei fazer o que faço, e sei fazer bem feito. Gosto disso. O pessoal do trabalho é bem legal, descontraído.
Trabalhei 2 semanas, essa é a terceira. Trabalho 3 dias por semana – normalmente sexta, sábado e domingo.
Financeiramente, esse mês ainda estamos bem apertados. Contas, esse é o motivo. Temos a conta de luz da antiga casa (que veio absurdamente gigante), e a da que estamos agora (também já fazem dois meses – hoje!). Meu salário vai pagar as contas, uhu – mas não o aluguel. Preocupação é terrível – pelo menos está melhor agora que já estou trabalhando, e mês que vem vai melhorar. Agosto terminam nossas aulas – aí posso trabalhar full time e tudo vai ficar bem melhor.
Até o treinamento, não sabia por onde eu tinha conseguido o emprego – aí perguntei e me disseram que tinha um anuncio no site Gumtree. É um site que tem de tudo, vendas, aluguel, etc. Não é o mais confiável, sempre tem anúncios para acompanhantes, massagistas, “faxineiras” que façam massagens e etc. Mas tem coisas sérias também – por exemplo o meu emprego. :)
Deu de falar sobre empregos e finanças – mesmo que isso ainda me preocupe. O Vinny está enviando currículos também – mas é difícil. Acho que Agosto as coisas melhorem.


quinta-feira, 29 de maio de 2014

Novidades!

Olá!
Tudo bem por aí?
Meu objetivo com o blog seria escrever todos os dias - ou ao menos atualizar a página do facebook todos os dias. Infelizmente, não tenho feito isso. Esqueço, me falta tempo ou criatividade.
A semana está passando rápido como sempre. Estou com sinusite essa semana, bastante trancada. Logo vai melhorar. Fiquei a semana em casa, não trabalhei. Não me ligaram pra trabalhar, como esperava. Não sei o que aconteceu...
Terça-feira tive a entrevista, lá no aeroporto. O aeroporto fica bem longe aqui de casa. A maneira mais rápida de chegar é pegar Luas até o centro, e então ônibus até o aeroporto, mas fica bastante caro. A mais barata é caminhar até uma parada (20 min de casa), e pegar o ônibus por 1h. Fui de um jeito, voltei de outro. É uma viagem longa, mas compensou! Hoje me ligaram, e me ofereceram um emprego, ihuu! O treinamento será na quinta-feira que vem apenas - então escrevo mais para contar.
Amanhã terei outra entrevista, de novo em um lugar que já fui - e não entendi o porque não fui chamada. Na Unicef, para fundraiser. Me ligaram antes de eu saber que tinha o emprego, então aceitei. Vou, vai que me ofereçam emprego lá... heheh
Sobre o emprego, primeiro quero agradecer a quem torceu por mim, e aos que oraram. Acredito que tenha feito a diferença. Adoro a atmosfera de aeroporto. Vou trabalhar primeiramente limpando o restaurante/lounge. E com isso, recebendo treinamento para trabalha em todas as áreas - caixa, barista (fazendo cafés), preparando as refeições, organizando o espaço. Estou empolgada. Eu saí de lá sabendo que queria aquele trabalho, e deu certo. O contrato é de 3 meses - que é um pouco mais do tempo que temos de estudo. E é "shift-work" como eles chamam aqui, varia de semana pra semana. Algumas semanas posso trabalhar apenas 5h, e na outra 20h. Claro que espero sempre trabalhar 20h, mas eles não tem como me prometer isso...

O mês de maio foi super dificil, mas está acabando - espero que tudo se resolva daqui para frente, e que tudo melhore!

Até mais :)


domingo, 25 de maio de 2014

Exercícios de escrita...

Bom dia, boa tarde ou boa noite! Tudo certo?
Hoje não vou escrever sobre nada do que está acontecendo por aqui, ou sobre Dublin...
Há um tempo atrás escrevi aqui que queria praticar a minha escrita, fazer exercícios de escrita - descrever as coisas ao meu redor, meus sentimentos, meus pensamentos, minhas idéias. Escrever algo com toda a atenção - e fazer apenas isso enquanto eu escrevo.
Escrever assim é bom pois vem do coração, e é como um exercício que com a prática melhora. Não fiz muito disso, infelizmente. Deixei muitas coisas para mais tarde, ou com a desculpa de não ter tempo ou inspiração. Todas as pessoas conhecem essas desculpas - um dia pretendo parar de usá-las e apenas agir quando sinto que é a hora.
Tenho apenas um exercício escrito, e estou fazendo o exercício nesse momento também. O importante é o meu foco estar em cada palavra que digito, o meu corpo estar no presente - sem pensar em outras coisas, fugir para outros lugares eu outro tempo (passado ou futuro).
Ouço o barulho da máquina de lavar e de secar - é dividida na casa, e fica ao lado da nossa porta. A parede fina deixa o som passar. O passarinho canta, um som bonito, uma bela melodia. Não tem como não pensar que é um conversa - com altos e baixos iguais a quando falamos, mas muito mais bela, como uma música.
Paro de escrever - é difícil esse exercício para mim. Irei transcrever partes do exercício anterior, e complementar um pouco.

Penso no seriado que estava assistindo, no qual a garota principal é escritora. Tem quase a minha idade, e se formou em Letras. Eu não me formei em nada e nem sei se vou. Ás vezes quero, as vezes não. Não consigo escolher apenas uma coisa - quero estudar tudo, e entender mais sobre um pouco de tudo. Eu atendi meu chamado para viagem e agora uma vida "normal" me incomoda, me tira a vida. Não quero apenas existir, quero viver. Não vou trabalhar para alguém que me pague pouco para fazer algo que eu não goste, ou que me pague para fazer algo em que eu não acredito. Mas assim é o sistema - ou você é chefe, ou mandam em você. Viver fora do sistema, além de ser a decisão mais difícil, te faz parecer algum maluco irresponsável. Faz parecer, não que você realmente seja.
Penso em irresponsável e comento que quando pararmos de receber o seguro desemprego temos que nos cadastrar como autônomos - pensar no futuro, na aposentadoria.
Por mim, viro autônoma daqui em diante. Fico maneiras de fugir do sistema, mas não sou música, atriz ou artista -  e já tentei por todos os caminhos. Não sou escritora, nem agricultora e não vejo como fazer dinheiro com viagens - ou sobreviver sem ele quando se quer filhos e um lar. Penso em permacultura, ter um sítio. Peso em ter um trailer, viver na estrada fazendo voluntariado e conhecendo (tudo). Penso em escrever, tirar fotos, escrever matérias sobre assuntos importantes. Penso em elaborar um projeto de pesquisa. Tudo junto, para fugir do sistema que compra nossas vidas.
Eu queria mesmo poder escrever, saber escrever. As vezes me sinto egoísta nas escritas pois só sei falar de mim e do que vivo e sinto. Quero poder criar, inventar - e colocar no papel o que passa pela minha mente. Acho que a vida está no criar, no novo. A criação verdadeira vem do coração. Se eu penso no meu passado, tenho muito mais para falar sobre alguns momentos que outros. Costumava dizer que só escrevia quando estava triste, mas a palavra certa seria angustiada. Sempre sofri muito com minha ansiedade e nervosismo, tendo algumas crises reais de angustia. A escrita surgiu para mim dessa maneira: um jeito de desabafar. Após essa fase, passou a ser uma maneira de organizar ideias e sentimentos. Antes de tudo isso, sempre sonhei em escrever um livro (mas quem nunca sonhou?), e acredito que um dia ainda o farei, mas sei que será espelhado em algum aspecto da minha vida - mas acho que todos são.
Gostaria de escrever algo infanto-juvenil. Li muitos livros nessa época, que me ensinaram muito. Tive fazes que tudo que eu tinha eram os livros que lia - fases solitárias e eles me serviam de apoio. Quero poder escrever coisas que influenciem as pessoas para o bem, algo que englobe a realidade e fantasia. Quando penso em algo, sempre me perco nas ideias, já perdi a conta de quantas ideias não passaram da primeira linha - ainda lembro de algumas. Parece que eu preciso ter tudo organizado, ou alguma faculdade que me ensine a escrever - não consigo fazer o primeiro, e nem o segundo agora. Mas enquanto isso, vou seguindo o meu coração.
Seguir o coração é um conselho que sempre dei para todos, não importando o assunto. Nós sempre sabemos o que o nosso coração diz - muitas vezes não queremos ouvir. Nem sempre é fácil seguir o coração, às vezes somos obrigados ouvir a razão. Talvez isso seja uma questão de sobrevivência, ou talvez é o que somos ensinados a ouvir, a pensar.

Deu de escrita por agora. Quero me arrumar para aproveitar um pouco do último domingo do mês, até mais!


sábado, 24 de maio de 2014

Os nossos sábados

Olá!
Hoje quero escrever um pouco sobre os sábados - o sábado passado e hoje :)
Sábado passado foi um dia lindo e de sol, e como isso tem sido bem raro por aqui, decidimos sair e aproveitar.

Saímos de tarde para uma caminhada pelo Sul da cidade, seguindo o riacho, Grand Canal, até o Festival de Verão Docklands que estava acontecendo. Foi 1h de caminhada, por lugares que ainda não tínhamos passado. Aproveitamos a caminhada, chegamos lá, vimos o que tinha pra ver, e decidimos voltar. O bom de morar em Dublin é que sempre algo está acontecendo, e sempre tem algum lugar pra ir que ainda não conhecemos. O problema é a chuva... Mas, felizmente, naquele dia teve um belo sol.
Na hora de voltar, decidimos usar a Dublin Bikes pela primeira vez! Temos o cartão já faz um tempinho, mas não tínhamos usado. Ele chegou um pouco antes de nos mudarmos para essa casa, e não tinha nenhuma estação da Dublin Bikes por aqui.
A DB funciona da seguinte maneira: Você se cadastra no site e paga uma taxa de € 20 (através de cartão de débito ou boleto), e eles enviam o cartão para o seu endereço. O nosso não chegou primeiramente, só chegou umas semanas antes de nos mudarmos.
Com o cartão, basta se dirigir a um posto da DB - são vários pelo centro da cidade, e estão em expanção (felizmente!) - e apresentar o cartão na máquina, escolher uma bike, pegar e sair andando. Você tem 30 minutos para andar sem pagar, após isso se cobra (pouco) a cada meia hora. Porém, para quem está no centro, é só encontrar uma estação e trocar a bike.
Quando fomos até o evento, passamos o caminho todo por uma ciclovia - e mais perto do evento (há uns 20 min de caminhada de casa) algumas estações de DB. Na volta, decidimos experimentar. Eu adorei, o Vinny também! Ele até tirou fotos (como a de cima). Foi ótimo. O caminho todo estava super bem sinalizado.
Pra quem nos conhece, sabe que andamos de bike de vez em quando. Pra quem nos conhece mais ainda, ou me conhece, sabe que esse é um hábito que adquiri depois que começamos a namorar - e que ele tem uma bike suuuper legal no Brasil.
Foi um lindo dia de sol e sorrisos. :D


Hoje o dia não está ensolarado. Acordei de super mau humor e gripada. A prova que somos nós que escolhemos se ficamos de mau humor ou escolhemos ter um dia legal. Depois de desabafar todo o mau humor dentro de mim, saímos de casa. Não estava chovendo, mesmo estando bem nublado fomos no Museu de Arte Moderna - e visitamos o jardim também, claro!
Adoro os parques de Dublin, e esse museu tem um jardim e um prédio muito bonito. Lá foi o antigo hospital de Dublin, onde os feridos das guerrass eram tratados. A entrada no IMMA (Irish Museum of Modern Art) não é cobrada - apenas para exibições especiais. Só tinha o trabalho de 2 artistas expostos -uma indiana e um britânico. Os dois muito diferentes. Enquanto o primeiro usava restos, por exemplo esterco de vaca seco, para o trabalho, o segundo usava música eletrônica e luzes piscantes.
Gosto de arte moderna - sei que muitos não gostam e são da atitude "até eu faço isso". Talvez por isso que eu goste, pois é a forma de cada indivíduo se expressar, da maneira que ele prefere fazer isso. Acho que é um arte cheia de sentimento.
Depois de visitarmos as exposições, passeamos pelos jardins e fotografamos. Viemos pra casa felizes.


Depois de mais de 1 mês na nossa casa nova, ainda não tínhamos entregado a chave da antiga. Sei, é muito tempo!! Aproveitamos que não estava chovendo para levarmos a chave lá.
Quando fomos para o museu, percebemos que uma estação da DB tinha sido disponibilizada aqui perto de casa - graças ao projeto de expansão. Essa semana eu tinha passado por lá e ainda estava fechada, mas hoje já tinha bicicletas. Aproveitamos e fomos de bike pra lá - muito mais rápido. Andamos um pouco no transito daqui, que é organizado até :). Deu tudo certo, só eu recebi uma buzina no finalziiinho, quando fui atravessar a rua para estacionar a bike, mas faz parte - vamos aprendendo.
Foi bem bacana o passeio hoje também. Nos dois sábados não gastamos nada e nos divertimos.

Bem, não fui trabalhar hoje - pelas 23h cancelaram, mas vou na segunda-feira. E terça tenho uma entrevista - pra trabalhar numa loja/restaurante no aeroporto. Bem diferente das outras. Torçam e orem por mim!

Até mais! :)

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Planos, sonhos, atualizações

Bom dia!
Faz um bom tempo que eu não escrevo - desculpas.
Semana passada choveu quase todos os dias, foi uma semana difícil. Trabalhei 2 dias, e fui bem mal. Por mais que só ganho o que vendo, eu não consigo me motivar apenas nisso, mesmo precisando muito de dinheiro. Não sou vendedora... Terça-feira tive outra entrevista, para fundraiser. A única resposta que eu tive de deixar currículos/enviar currículos até agora. Amanhã devo ter treinamento - estou esperando a ligação.
No final de semana, assistimos Game of Thrones, quase sem parar. É viciante - terminamos todos os episódios até agora. É interessante porque foi/é filmado por aqui, na Irlanda do Norte. Várias paisagens bonitas e aqui pertinho. Estamos planejando um passeio.
Hoje temos que decidir o que fazer com nossas passagens, provavelmente vamos aterar elas para novembro, mas a decisão ainda precisa ser tomada. O que planejavamos era fevereiro, mas as coisas não estão acontecendo conforme planejávamos. As opções que temos são: 1- Deixar a mesma data e retornar semana que vem. 2- Mudar para Agosto, quando acaba o nosso curso. 3- Mudar para Novembro, antes que o inverno chegue, e o que nos dá um tempo para viajar. 4- Alterar para fevereiro. Claro que depois de alterada uma vez, podemos alterar novamente - mas cada alteração se paga.
Essa semana está/foi melhor que a passada, a minha chefe estava viajando, então não trabalhei - infelizmente (ou não). Tenho que dizer que não gosto de fazer o que faço - mas quem gosta? Muitas vezes acho que não fui feita para trabalhar, mas então sei que não é trabalhar o problema, é ter um emprego. Eu canso rápido demais da rotina, de fazer a mesma coisa o dia todo. Mas acredito que eu vá encontrar algo que eu goste de fazer - talvez algo que eu não trabalhe para os outros, ou que eu não me sinta trabalhando para os outros.
Estamos vendo também, e começando a planejar, a nossa viagem. Sinceramente, eu espero receber para pagar o próximo aluguel e contas - vamos ter que pegar o restante do dinheiro para pagar esse. Talvez conseguiremos economizar um pouco, e teremos o dinheiro do depósito da casa.
Ontem li vários blogs e textos - até compartilhei um na página do facebook. Várias inspirações e ideias. A mais sensata e aprovada seria WWOF, trabalhar em fazendas organicas em troca de acomodação e alimentação - e aprendizado. Teriamos que nos inscrever nos sites do país que queremos - Alemanha muito provavelmente, talvez Italia, França ou Espanha também.
Outro projeto que nos inspira é o Portas Abertas, da brasileira Aline Campbell que ano passado viajou 3 meses pela Europa sem nada de dinheiro, nem cartão de crédito, e sozinha. Muita coragem. Para mostrar que o mundo é bom, e eu acredito nisso e concordo com ela.
Não queremos sair daqui sem ter viajado, isso é certeza. Queremos voltar para o Brasil com experiências e histórias para contar.

A chuva agora voltou, vou continuar a saga de hoje enviando muitos currículos!

Por do sol no Rio Liffey


quarta-feira, 14 de maio de 2014

Moçambique 2011 - Um pouco sobre minha experiência

Olá!
As coisas por aqui não andam muito movimentadas - mesmas coisas. Ainda quero escrever sobre muitas coisas daqui, mas hoje estava olhando blogs antigos e achei o texto abaixo. Eu escrevi ele pra News do meu trabalho no Brasil, então não poderia ser tão comprido... Tenho muito o que escrever sobre a experiência que eu tive lá, tenho muito a compartilhar. Hoje apenas a breve reflexão, o mesmo texto que escrevi há quase 2 anos atrás...

Como muitos de vocês sabem, morei na África por 6 meses. Meu objetivo era muito belo e nobre: ajudar os outros, realizar trabalho voluntário de desenvolvimento. No final do período não sei se consegui alcançar
meu objetivo – aliás, nunca sabemos com certeza o impacto que nossas ações têm na vida dos outros. O que eu sei, com toda certeza, que eu mudei e aprendi muito. Aprendi na marra que antes de querer mudar o
mundo, temos que mudar as nossas ações, a nós mesmos.
Vivi 6 meses em uma vila no norte de Moçambique, Bilibiza, com 4 mil habitantes, a maioria crianças e adolescentes e 5 brancos. Todos nós morávamos juntos e éramos voluntários - Instrutores de Desenvolvimento.
Eu não tinha água corrente na casa – ela vinha do poço ou do rio (cerca de 1km da casa – tínhamos sorte!). Eletricidade só 3h por dia, das 18h às 21h. Isso quando o gerador não estava quebrava ou não acabava o diesel. Telefone só debaixo da árvore e no viva-voz. Banho de caneca. Quando o gás acabava, ficávamos às vezes um mês cozinhando com lenha e/ou carvão. E as minhas condições eram ótimas se comparadas
à das pessoas da vila.
Cenas comuns eram ver mulheres caminhando por quilômetros no sol, todos os dias, carregando crianças nas costas, bacias/galões de água na cabeça e algo na mão. De pés descalços e muitas vezes sorrindo. Esse sorriso, a facilidade de rir – e uma risada sincera e gostosa, era surpreendente. E as crianças! Crianças carregando crianças, crianças sem roupa na rua, crianças brincando com lixo na rua, e fazendo dele os mais divertidos brinquedos, crianças carregando baldes de água na cabeça, crianças trabalhando, crianças grávidas, crianças rindo, olhando e sorrindo.
Tudo isso nos faz rever nossos valores. Questionei-me muitas vezes o que fui fazer lá se, mesmo com todos os problemas, eles eram mais felizes do que nós somos. A verdade é que, muitas vezes, não se via o sofrimento por trás daqueles olhos. Essas são pessoas que vivem intensamente o tempo AGORA. Sentem-se felizes pelo momento, e são espontâneos. Alguns momentos, estão tristes. E, por mais que se preocupem que a chuva demora a vir, não se preocupam muito no geral. Acreditam cegamente em destino. Creio que essa seja uma das principais diferenças das nossas culturas.
Acredito que tanto eles devem aprender conosco, e nós com eles.
Viver o agora, mas com planos, projetos, ambições e sonhos para o futuro. Porque é esse o combustível que nos move para frente e nos faz crescer. Não se preocupar (porque não adianta, e isso apenas atrapalha), mas trabalhar para evitar as preocupações. Manter a calma, mas não viver na inércia. Colocar o coração em todas as suas ações, mas também usar a cabeça. Sonhar, idealizar, planejar e ir atrás e realizar. Ver a felicidade nas coisas simples, aproveitar cada momento, e estar presente, de corpo e pensamento, em todos os momentos da vida.

Menina de Bilibiza com a camisa do Grêmio!

segunda-feira, 12 de maio de 2014

A semana e retrospectiva dos 3 meses!

Olá, olá! Tudo certo por ai?
Por aqui sim, a semana que passou foi bem melhor que a outra, começando por eu estar me sentindo melhor - a confiança e a esperança voltaram, junto com mais força!
Comecei a enviar currículos novamente, o máximo possível, e entregar nos lugares que estão contratando. Tive uma entrevista e meio que estou trabalhando. :)
O trabalho é o mesmo que fiz o teste nas primeiras semanas que estava aqui, o diferente é que daquela vez não passei/não gostei daquela vez. Sou fundraiser novamente, e faço algo bem parecido com o que eu fazia na Inglaterra, só que agora vendo raspadinhas (sim, 3 jogos  você pode ganhar até 1000 euros na hora!). O salário, porém, é baseado apenas em comissão (30%) e os horários não fecham com a aula, vou ter que faltar alguns dias. Mas, vou levando assim até achar algo melhor - é muito melhor que nada.
Segunda-feira passada foi feriado, e na sexta tmbém não tivemos aula. A escola fez um passeio pra Glendalough, mas como estamos super sem dinheiro, não fomos - mas com a promessa de que ainda iremos lá. Fora isso, choveu todos os dias da semana.

Semana passada completamos 3 meses aqui. Dizem que os primeiros 3 meses são os mais difíceis. Admito que não foram os mais fáceis, foram de bastante aprendizado.
Posso dizer que não estamos como gostariamos, ou como planejamos, estar. Principalmente no sentido financeiro. Queria que minha principal preocupação não fosse a financeira - mas sim planejamentos de viagens e dos próximos passos.
Ainda não fomos para a Holanda, infelizmente vamos visitar os campos de Tulipa de lá só ano que vem. Mal saimos de Dublin, o que espero que mude logo (o tempo precisa colaborar também).
Aprendemos a economizar muito mais, e a ter mais responsabilidades - contas a pagar, contratos a fazer, saber onde gastar o dinheiro.
Esses 3 meses passaram muito rápido, mas a saudades está grande. Companheirismo, força, esperança, fé, amizade.
Que venham os próximos 3 meses, 6 meses, 9 meses! E que tudo melhore daqui pra frente.